No tempo em que animava as tardes de sábado dos meus pais e da vizinhança com minha banda de garagem, a diversão não era só tirar aquele sonzinho de instrumentos furrecas. Havia um clima rockstar no ar, todo um lance de criar músicas e, especialmente, conceitos para a música que a gente estava querendo fazer. E isso se reflitia justamente na hora da escolha do nome da banda. No início não éramos ninguém, literalmente, mesmo que o assunto “quem somos” fosse motivo de muita conversa e pesquisa (em dicionários, livros da escola, encartes de discos).
Um belo dia (lembro bem da cena), depois de mais um sábado de “ensaio”, a banda estava reunida no fundão de um ônibus da Trindadense (antigo nome da Transol) quando veio a luz. “Por que não Descover?”, sugeri. Na época havia uma onda de bandas cover (U2 Cover, Pink Floyd Cover) e o nome Descover tinha pelo menos três significados na cabeça daqueles cinco adolescentes:
1) Descover: lembra a palavra “discover”, em inglês, descobir (que era o que a gente estava tentando na época: descobrir como tocar);
2) Se Descover tem um jogo de palavras com “discover” (sai o “i”, entre o “e”), isso nos remete a um certo grupo de Liverpool que trocou o segundo “e” de “beetle” por um “a” (pretensão juvenil da melhor qualidade);
3) Por fim, Descover tinha a idéia de desfazer o cover. Ou seja, com esse nome ficava clara a idéia de que a gente tocaria músicas de outras bandas do nosso jeito, seguindo melodias, mas sem a preocupação em repetir arranjos ou copiar a gravação original. Lembro de uma música chamada “Pés no Vazio”, de uma banda paulista chamada Muzak, que a introdução original era marcada por um piano. Na nossa versão, tinha quase um solo de bateria. Talvez a gente até quisesse (e muito) tocar igualzinho ao disco, mas era divertido seguir o nosso conceito e tocar do nosso jeito. Nada mais adolescente.
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