- Cena 1: você vai ao cinema assistir a um filme estrangeiro, com atores famosos e dirigido por um brasileiro que concorreu ao Oscar de melhor diretor.
- Cena 2: o filme termina e quando são mostrados os créditos, você ouve o casal à sua frente comentar “o diretor é brasieiro”, “o mesmo do Cidade de Deus”.
Não tive a chance de perguntar ao casal se eles gostaram ou não de O jardineiro fiel, adaptação do livro homônimo de John Le Carré. Mas fiquei curioso e imaginei qual a visão deles do filme sem a informação preliminar de que o diretor Fernando Meireles era o mesmo de Cidade de Deus. Eu, sabendo disso, fui com a expectativa número 1 de assistir um filme de primeira. E a expectativa se confirmou.
Ainda que muitos optem por comparar um filme ao outro, prefiro ficar com a máxima de que cada filme é uma história, merece um tratamento diferenciado e que manter um estilo não significa repetir fórmulas. Ainda assim, em vários momentos dá para perceber o “estilo” Meireles, especialmente pela “câmera-documentário” que surge nas tomadas nas áreas pobres de Nairóbi, capital do Quênia, onde se passa a trama.
O casal que não sabia que o filme é dirigido por Meireles pouco deve ter se importado com esses “detalhes”. Certamente, ficou concentado na história de Ralph Fiennes (no papel de Justin, o diplomata jardineiro) e Rachel Weisz (como Tessa, ativista, mulher de Justin) que mistura romance, suspense, política, corrupção, conspiração, pobreza, descaso. E além de comentários sobre o diretor, o casal também deve ter feito considerações indignadas sobre a indústria farmacéutica, que com o consentimento das autoridades usa cidadãos africanos como cobaias de seus medicamentos. E para o casal ficar ainda mais indignado, uma informação a mais: O jardineiro fiel, o livro, está proibido no Quênia.
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