Versão em português para sucessos internacionais é um assunto que me “persegue” desde os tempos de faculdade. Minha estréia em publicações de fora do Campus da UFSC, ainda na primeira fase do curso (em 1991), foi com um texto sobre o assunto que produzi na aula de Redação I e que meu professor Gastão Cassel reproduziu no Linha Viva, jornal do Sindicato dos Eletricitários. O Frank ilustrou o texto com uma dupla de compositores “traduzindo” o verso “The boy behind the door” para “O boi berrando de dor”.
Mais tarde, ainda na faculdade, produzi e apresentei (coisa rara) um programa-projeto chamado Versão Brasileira, onde falava sobre algumas versões e contava curiosidades relacionadas a essa prática que se popularizou com a Jovem Guarda. Nesse programa toquei uma ou duas versões de Juba & Lula para clássicos dos Beach Boys (“Surfin USA” virou “Surf é o que eu sei”) e uma versão com a qual o João Penca e os Miquinhos Amestrados ganhou um concurso de músicas próprias e inéditas (“Monster Mash” que virou “Monstro Macho”).
Mesmo que alguns cometam certos sacrilégios (como a versão de “Hey Jude”, gravada por Kiko Zambianchi para a novela Top Model, lá pelos anso 90) e haja sempre aquele papo de seguir mais a sonoridade do que o significado, não considero a criação de versões uma “arte” menor. As versões de Renato e Seus Blue Caps para quase todo repertório da primeira fase dos Beatles têm um valor inestimável para a música jovem brasileira. E uma versão pode abrir caminho para você conhecer a obra do original, como o caso de “Não chores mais”, versão clássica de Gilberto Gil para “No, woman, no cry”, de Bob Marley. Até as versões infames acabam sendo, no mínimo, divertidas (“Telma, eu não sou gay”, gravada nos anos 80 pelo Ney Matogrosso, é uma versão de Léo Jaime para “Tell me once again”, da banda Light Reflections). Na minha opinião só há um tipo realmente ruim de versão: a versão oportunista para um sucesso que ainda está nas paradas. Estrategicamente não vinga. Ou alguém lembra da versão de Sandy & Júnior para o tema de Titanic, aquele gravado por Celine Dion? Acho que nem eles.
E tal e qual meu programa Versão Brasileira, escolhi três versões pouco conhecidas para encerrar o post. A primeira é “Comecei uma brincadeira”, versão para “Started a joke”, gravada por Ronnie Von em 1969. A segunda é uma versão de “Rock and Roll all Nite”, do Kiss, feita por Evandro Mesquita e gravada pelo The Fevers nos anos 80 (virou “Quero rock and roll”). E a terceira é uma versão de “Logical Song”, do Supertramp, recriada por Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii) como “A fábula” (que estava virando lenda porque era sempre falada, mas nunca gravada; encontrei uma gravação acústica para o Luau MTV). Clique no ícone “alto falante”, ouça e divirta-se.
Tags: Música
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