O vinil ainda toca - Coluna Extra

sábado, 5 de junho de 2004

O vinil ainda toca

Antes de perder a paciência com o Blogger da Globo.com estava tocando um blog chamado Vinil no Prato, um espaço para a publicação de lembranças e pequenas crônicas sobre discos de vinil. Aqui em Coluna Extra, sempre que possível, Vinil no Prato estará presente com textos meus ou colaborações como a da jornalista Cléia Schmitz, que publico a seguir.

Memória musical
Já ouvi cada coisa nessa minha vida! Sem toca-fitas e muito menos toca-discos (era assim que chamávamos os aparelhos de som) passei toda a minha infância e grande parte da adolescência ouvindo o que tocava nas rádios AM. A exceção fica por conta de uma fita da Perla que eu e minhas irmãs ouvíamos incansavelmente aos domingos no toca-fitas do caminhão do meu pai. "Pequenina" e "Rios da Babilônia" eram as minhas preferidas (eu tinha menos de 8 anos). Por essa época também não perdia um “Qual é a música”, só para ver o Ronnie Von cantando "Tranquei a vida". É, eu era muito brega!
Um pouco mais tarde virei fã de Roberto Carlos. Todos os dias ouvia com minha irmã mais velha o programa “Roberto Carlos Especial”, na rádio Santa Catarina. Também não posso deixar de citar o programa “Para matar as saudades”, se não me engano na Guarujá, às 5 da tarde. Além das antigas do Roberto, tocava Fernando Mendes, Márcio Greick ("O mais importante é o verdadeiro amor", essa eu adooooorava).
Aí veio a pré-adolescência e eu continuava a mercê das rádios, ainda AM, curtindo músicas do Roupa Nova, Ritchie e outros nomes que apareciam e desapareciam num piscar de olhos. Ainda guardo um caderno de letras de músicas que eu copiava nessa época. Era cômico. Para pegar a composição inteira, eu já deixava o caderno e a caneta em frente ao rádio (e às vezes eu não conseguia entender algumas palavras).
Comecei a ouvir umas coisas mais decentes lá pelos 13 anos quando entrei num grupo de jovens – daqueles ligados a Igreja. Tinha um pessoal um pouco mais velho que tocava Raul Seixas e Caetano Veloso no violão. Nas festas do grupo, fui melhor apresentada a Bee Gees, Simon e Gerfunkel, Pink Floyd e Supertramp – esses eram os vinis que não saíam da vitrola. Mas eu continuava curtindo umas coisas de gosto duvidoso como Emanuel (só lembro que era mexicano), Menudo, Richard Clayderman.
Aí veio o rock dos anos 80 – Titãs, Plebe Rude, Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Blitz, RPM (eu sabia cantar todas). Nessa época já tínhamos um toca-discos em casa, aquisição da minha irmã mais velha. Antes disso, ela havia comprado um toca-fitas e lembro bem que as primeiras fitas a rodarem no aparelho foram U2 e Genesis. E aí sou obrigada a contar o maior pecado do qual fui cúmplice. Ninguém lá em casa curtiu muito o Genesis e acabamos usando a fita para gravar outras músicas. Depois desta confissão, acho bom parar por aqui com minhas memórias musicais.

Cléia Schmitz, jornalista

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