Sou torcedor do Avaí. Freqüentei o Adolfo Konder, estive na inauguração da Ressacada, acompanhei o time na Segundona estadual, publiquei artigo em jornal criticando dirigentes, fui sócio, editei a revista dos 75 anos do clube, batizei meu time botão de Peladeiros do Avaí. Tudo isso, somado ao fato de que vou a praticamente todos os jogos do time na Ressacada (incluindo os últimos: o empate com o São Raimundo e a derrota para o Caxias), me dá um know-howzinho para escrever com todas as letras e com toda a sinceridade (com a razão e com o coração) que:
O Avaí ainda não está preparado para subir para a série A do Campeonato Brasileiro.
E não é porque o Figueirense faz uma boa campanha que afirmo isso. É por acreditar que seria muito cruel para a torcida ver o time subir para a série A num ano e descer no ano seguinte. É isso o que vai acontecer simplesmente porque o time não tem estrutura para suportar a ascensão. É uma questão de cultura. Culturalmente, o Avaí não é um time talhado a modernização. E não falo aqui de aplicar os mesmos conceitos aplicados no Figueirense. São culturas diferentes. Lá no Estreito, o clube chegou ao fundo do poço e, a seu modo, encontrou uma fórmula para mudar.
O Avaí parece viver num atoleiro. É o reflexo da Ressacada e de todo terreno ao redor: inacabado. E outra coisa: pelo perfil do Avaí, a mudança se torna ainda mais complicada. O território azul e branco não é lugar para alguém cair de pára-quedas e querer mudar a cultura, a forma com que as coisas podem e devem acontecer. Lá, não é o meio que se adapta ao homem, mas sim o homem que se adapta ao meio (trazer o técnico Roberto Cavalo tem muito disso. Ele já sabe como as coisas funcionam...).
E para quem pensa que estou jogando contra meu próprio patrimônio, quero deixar claro que escrevo tudo isso por amor ao time. Cresci indo com meu pai ao Adolfo Konder e meu filho cresceu indo comigo à Ressacada. É pelo meu filho Vitor que escrevo isso. Já escrevi uma vez que queria que meu filho tivesse apenas um time, o Avaí, e que não entrasse nessa de adoração por times de fora da nossa cidade. Mas perdi essa ilusão; não há como frear o interesse dele por outros clubes (aos seus dez anos, ele ainda é mais Avaí, mas torce com interesse também pelo São Paulo).
Sempre dizem que é fácil criticar. Difícil é apontar soluções. A melhor, no momento, é abrir as portas da Ressacada para que a torcida se manifeste. É aquela coisa de zerar tudo. Já há um grupo de torcedores que tem se mobilizado para ajudar o clube, mas o problema exige algo mais amplo. Que seja uma grande reunião, uma assembléia, um seminário. Qualquer coisa que abra espaço para que novas idéias possam surgir em favor do Avaí Futebol Clube.
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