Futio Indispensável - Coluna Extra

terça-feira, 2 de novembro de 2004

Futio Indispensável

Citei o Futio Indispensável num comentário sobre o nome das padarias. E nesse feriado, já arrumando as malas para a mudança de endereço, localizei minha coleção do fanzine-revista criado em 1993 por Frank Maia e Emerson Gasperin, como projeto de conclusão no Curso de Jornalismo da UFSC. Tive a grande satisfação de escrever alguns textos para o Futio. Até hoje acredito na viabilidade de uma publicação com aquele perfil: pautas criativas e divertido tanto para quem faz quanto para quem lê. Alguém banca? Abaixo relacionei algumas das reportagens de destaque nas edições que circularam entre 1993 e 1994 e mostram um pouco sobre o que, quando, onde, como e de quem o Futio falava.

A seca: Futio investiga o sumiço da erva maldita
(#2 Agosto 1993)
“Não se sabe ao certo a data. Calcula-se que pelo dia 5 de julho ela começou a chegar. A seca durou 25 dias. Provocou paranóia, depressão e insônia. Inflacionou o mercado da erva, estabilizou o preço da coca e incentivou um tour pelas bocas da cidade. As origens do fenômeno são incertas, mas os patrões da Ilha não se cansam de elaborar teorias. E o Futio não poderia deixar de ouvir as vozes que vêm do morro.” (Dio Geynnes)

Sem sair de casa: banda grava 1/2 disco na Escócia
(#0 - Maio 1993)
“A banda Subversive Reek Mute Perturtubation (SRMP), de Florianópolis, desconhecida na cidade, gravou um ‘split-EP’ (mini-LP com dois grupos) por uma gravadora da Escócia, a Psychomania Records. (...) O SRMP não precisou deixar nem o estado nem o país para chegar até a Psychomania. Bem ao estilo underground, o contato com a gravadora escocesa foi feito por correspondência (...)” (Alexandre Gonçalves)

Dazaranha: suinguera nativa
(#1 - Julho 1993)
“(...)O ensaio continua com ‘Sapato’, um reggae/baião, e ‘Cubo’, que tem um pé na Jamaica e outro no ‘Funk’. Nessas músicas é que se percebe a versatilidade do violino, que tanto pode parecer uma sanfona ou um naipe de metais. A instrumental ‘Café com Cigarro’ começa com um sambão, entra mais violino e vira jazz cheio de balanço. Não tem mais ninguém parado - a banda, a mãe dos irmãos Gazú, Gerry e Moriel, três outros garotos do bairro, todos estão dançando. Fim do transe (e do ensaio). Três horas desopilantes e o Dazaranha 150 paus mais pobre.” (Emerson Gasperin)

Cêis são dez: Rock Garagem II - 23 bandas só numa night
(#1 - Julho 1993)
“Um festival com 23 bandas locais, 100 paus o ingresso, três músicas para cada grupo, proibido cover. Em Florianópolis. E pela segunda vez (o primeiro, em abril, tinha SÓ 20 bandas). Opção no mínimo interessante para um sábado, talvez não muito romântica para o Dia dos Namorados. Mas suficiente para que umas 1.500 pessoas, entre casados, enforcados, apaixonados e solitários fosse até o Ilha Shopping, em Ingleses, presenciar o tal Rock Garagem.” (Emerson Gasperin)

O blefe do ano
(#2 - Agosto 1993)
“O cartaz não colou. Por trás da arte 1/2 boca, telefone errado, boatos e um monte torcendo para que fosse verdade. O Futio foi lá conferir. Putz, não espalha.” (reportagem sobre o “show” da banda de heavy metal da Alemanha, Accept, no Babilônica Club, antigo Cine Scala, e que não passou de um golpe. Não houve show nenhum e os fãs da banda, revoltados, quebraram tudo) (Christiane Balbys)

Cult porra nenhuma
(#3 - Dezembro 1993)
“Floripa já tem sua guitar band. ‘O nome eu achei assim, por acaso, abrindo o dicionário numa página qualquer’, conta André, guitarra e vocal. Gutta Percha é uma planta da família das Sapotáceas, da qual se extrai uma espécie de goma e ‘o mais legal’, completa André, ‘é que se lê e escreve do mesmo jeito em português e em inglês’. Instrutivo e tão sem sentido, como a escolha de famosas guitar bands como Dinosaur Jr., Pixies e Sonic Youth.” (Emerson Gasperin)

No Reino da Porraloquice: sete bandas novas formadas por gente nova
(#3 Dezembro 1993)
“Montar uma banda só para azucrinar os outros. Fazer show em barzinho e se imaginar um rockstar num megaevento. Gravar uma demo e fazer capinha pra ela, com colagens e caneta hidrocor. Acreditar que a banda é boa demais e que é uma injustiça nenhum gravadoras ainda ter se interessado. Expulsar o guitarrista porque ele disse que gostava de Paul McCartney. Isso é PORRALOQUICE. Se não servir pra nada, guarde de lembrança.” (Alexandre Gonçalves)

O Bronx é logo ali
(#4 - Maio 1994)
“No Monte Cristo está mocozada a raiz do movimento hip hop de Florianópolis: DNA, System X e Sistema Urbano avisam que é hora de nego sair da miguelagem. Passando a ponte, HeadPain mistura skate com rap e Motherfucker promete voltar com tudo neste ano. Cultura de rua é a praia do Futio. Então falaí, mano...” (Emerson Gasperin)

Zé Dassilva foi na Comic-Con com nosso Fútio na mala
(#4 - Maio 1994)
“Alguma coisa acontece no meu coração, mas não é um infarto. Apenas cansaço. Mal cheguei a São Paulo e já peregrinei por todas as bancas da Avenida Paulista e pelas principais gibitecas da cidade. Quando já estou me conformando em estar perdido, vejo a placa na esquina: rua Groelândia. É aqui a Escola Panamericana de Arte (EPA), onde acontece a Comic-Con, a 1ª Convenção de Quadrinhos de Super-Heróis da América do Sul. Estou em casa.” (Zé Dassilva)

- Dinheiro público bem gasto
(#5 - Setembro-Outubro 1994)
“Nunca se sabe o que pode sair quando as prefeituras resolvem comemorar datas significativas com eventos grandiosos. Às vezes pinta um Julio Iglesias, um Raça Negra ou um jogo da Seleção Brasileira. Mas surpresa mesmo aconteceu em Belo Horizonte, que festejou 100 anos com quatro dias de shows, seminários, exposições, workshops e mostras de vídeos sobre apenas um tema: rock independente.” (Emerson Gasperin)

Um comentário:

  1. O Fútio de hoje, pelo menos com um formato parecido, é a revista Naipe.

    Poderias digitalizar essa coleção. Li a matéria da maconha na faculdade, acho que foi o Baggio que levou pra nos mostrar na aula de redação. Ou ele ou o Scarduelli.

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