Aos 6 anos de idade, assisti da janela da minha casa a tropa de choque fechar a Rua Fernando Machado, nas proximidades da Catedral Metropolitana. Eu morava na rua Clemente Rouvere, 64 fundos, no centro. É aquela do Posto Texaco na Mauro Ramos, próximo ao Instituto Estadual de Educação. A nossa casa ficava no alto de uma escadaria e lá de cima dava para ver boa parte do centro de Florianópolis.
Muitos anos depois fui descobrir o que era aquela ação da PM: repressão à manifestação pós-prisão de 5 estudantes durante os confrontos ocorridos na “visita” do então presidente João Figueiredo à Florianópolis, em 30 de novembro de 1979, e que entrou para a história como a “Novembrada” (Leia a matéria do repórter Celso Martins publicada no jornal AN Capital/A Noticia: Um general acossado pela multidão).
Com essa cena na memória, acabei me interessando pelo assunto e até fiz algumas pesquisas com o objetivo de fazer meu trabalho de conclusão no Curso de Jornalismo sobre a “Novembrada”. Por circunstâncias, acabei optando por outro tema.
Vinte e cinco anos depois da “Novembrada”, muita coisa mudou. O regime é outro, as manifestações são outras e o presidente da República gosta do povo e vem à Florianópolis por motivos singelos como visitar o neto recém-nascido. Para os turistas, não há mais o Ponto Chic, cenário importante no contexto da “Novembrada”.
E por falar em “Novembrada”, acabei de ver que na novela “Como uma onda”, na Rede Globo, que é baseada na história de um casal aqui do Ribeirão da Ilha e tem muitas tomadas de Florianópolis, um dos personagens principais da trama atende pelo nome de “Floriano”. Coincidência ou mera semelhança ou desconhecimento da história local?
(Florianópolis tem esse nome em “homenagem” a Floriano Peixoto, que governou o Brasil com mão de ferro e foi responsável pela morte de muitos catarinenses. Por isso, até hoje muitos contestam a troca do nome “Desterro” para Florianópolis - cidade de Floriano. Esse sentimento anti-Floriano também teve papel importante na “Novembrada” já que um dos estopins do confronto foi a placa em homenagem a Floriano Peixoto, colocada na Praça XV, e que seria “inaugurada” pelo general Figueiredo).
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