- Não perca sua condução. Olha a hora: 8 horas e 25 minutos.
- Putz, tô mais que atrasado!
Acordar atrasado para o trabalho já havia se tornado um hábito para aquele sujeito. E era sempre a mesma coisa: rádio ligado, pulo da cama. Não dava tempo nem de tomar banho! No máximo, dava uma enganada no cabelo para não ficar levantado.
- Vê se não faz barulho pra não acordar as crianças, lembrou a mulher ainda sonolenta.
- Pode deixar, garantiu, enquanto abria a porta do guarda-roupas com cuidado.
Aparentemente, não havia motivos para o atraso. Dificilmente dormia depois das 11 da noite. Nem era festeiro, também. Devia ser o hábito das férias, quando não levantava antes das 9 e meia.
Naquele dia, quando chegou no serviço, bateu o ponto, deu “oi” para todos os colegas e um beijo no patrão.
- Bom dia, pai.
- Isso é hora de chegar? Você devia ser mais responsável, meu filho. Tens que dar o exemplo pro pessoal.
- Ah, eu sei, pai. Mas sabe como é, acabei de voltar das férias e o meu ritmo ainda não voltou ao normal. Dá um desconto, vai...
- Tá bom, mas vê se resolve logo essa história de ritmo porque no nosso negócio não dá pra ficar perdendo a hora.
(Trim! Trim! Trim)
- Atende aí.
- Pode deixar, pai. Relojoaria Senhor do Tempo, bom dia.
(Escrito por mim, publicado na newsletter ALEX INFORMA, entre 2000 e 2001, e reproduzido em sites como o da empresa de recursos humanos Catho)
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