Está previsto para maio o lançamento mundial do filme O Código Da Vinci, com Tom Hanks, baseado no best-seller de Dan Brown. O filme deve reaquecer a febre em torno das “teses” defendidas por Brown, como a suposta relação marido-mulher de Jesus e Maria Madelena. Enquanto o filme não estréia, a Geração Editorial relança Maria Madalena, romance de Margaret George, mais um dos muitos livros que pegam carona no sucesso do Código Da Vinci (como o livro de Brown, o de Margaret também tem capa é vermelha e a tipologia é muito semelhante). Segundo a editora, o livro de Margaret vendeu 15 mil exemplares e o relançamento tem um novo foco de interesse da autora. Ela procura contar de forma romanceada a verdadeira história de Jesus e Maria Madalena, a partir de sete anos de pesquisa e fatos registrados em documentos. Abaixo, o trecho da entrevista com Margaret George, disponível no site da Geração Editorial, em que ela analisa a forma com que Dan Brown trata da relação entre Jesus e Madalena.
O Código Da Vinci, de Dan Brown, tem como ponto central a premissa de que a verdade entre Maria Madalena e Jesus (incluindo seu casamento e filho) foi suprimida pela Igreja porque ela não queria que nenhum traço de Jesus “humano” permanecesse.
Margaret George - Li O Código Da Vinci e gostei muito de sua engenhosidade, mas a parte sobre a Igreja tentando suprimir o aspecto humano de Jesus ficou um pouco confusa. A Igreja, ao contrário, sempre lutou para reivindicar que Jesus era ao mesmo tempo “completamente humano” e “completamente divino”, o que acabou levando a uma quantidade de bizarros artifícios teológicos. Houve uma escola que achava que Jesus era Deus disfarçado de homem (que seu corpo humano era só uma ilusão – naturalmente que isto conduzia ao problema de que sua crucificação não teria sido real); outra escola afirmava que as duas naturezas existiam em um corpo, uma ao lado da outra, mas que não se misturavam; uma outra, afirmava que ele era completamente humano até a crucificação, quando se “revelou” e adquiriu aspecto divino. O Evangelho de São Paulo é o mais antigo documento doutrinário que temos, por isso presumivelmente esta era a crença original.
As pessoas na verdade têm mais dificuldade em visualizar alguma coisa que seja ao mesmo tempo humana e divina, de modo que era uma prática mais popular transformar Jesus num deus do que no fruto de uma crença teológica. Os cristãos também, embora eles disciplinadamente recitem as palavras de fé na Igreja, afirmando que ele era completamente humano e completamente divino, na verdade não gostam da parte humana. Percebi isto por experiência própria, pois muita gente atacou minha “interpretação” por considerá-la “muito humana”. E pense no furor causado pela Última Tentação de Cristo (romance de Niko Kazantzakis filmado por Martin Scorcese), que o mostrou simplesmente ansiando por uma vida humana normal.
Leia a entrevista completa.
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