Internet e prateleira - Coluna Extra

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Internet e prateleira

Acessei o site da Bizz e circulei pela área de votação nos melhores de 2006. Até comecei a votar, mas parei para uma reflexão: em outros tempos, eu nunca teria ouvido nem metade das músicas e artistas que aparecem na lista de votação. Lembrei da época em que lia sobre novas bandas e músicas na Bizz e movido pela curiosidade escrevia - cartas!!! - para o Sincronia Total, o melhor programa que o FM de Florianópolis já teve, com uma lista quilométrica de pedidos.

Agora, com a internet cada vez mais presente no dia a dia de quem gosta de música (ouvir, tocar, escrever sobre), não tenho dúvida em afirmar que 2006 termina como o ano mais musical da minha vida. A frase soa exagerada, mas é verdadeira. Nunca ouvi tantas músicas, antigas e novas, como neste ano. E entre tantas coisas que ouvi em 2006, graças à internet, cito:

- “Crazy”, do Gnarls Barkley (melhor música);

- The Racounters (melhor banda);

- “Here Go Again”, do Ok Go (melhor clipe - aquele das esteiras);

- Vou tirar você deste lugar (o tributo a Odair José, como melhor e mais criativo disco nacional).

Mas mesmo diante de toda essa facilidade de acesso, encontrei minha grande aquisição musical no ano na prateleira de uma livraria: o raríssimo CD De volta ao Oeste, da banda 3 Hombres, originalmente lançado em 1993 pelo selo independente Baratos Afins.

Formada em 1987, a banda tinha como integrantes músicos conhecidos do rock paulista, entre eles Thomas Pappon (da banda Fellini, hoje na BBC Brasil, em Londres) e Celso Pucci (conhecido como Minho K, já falecido), que também escreviam na Bizz. Ainda assim, a 3 Hombres estava entre as mais underground das bandas underground de São Paulo. Não lembro de ter lido alguma citação sobre eles na época.

Só descobri a banda em 1989, no LP Sanguinho Novo, tributo ao Mutante Arnaldo Baptista, lançado pelo selo Eldorado. É deles a ótima versão para “Dia 36”, uma música pouco conhecida dos Mutantes e, na minha opinião, a melhor do tributo. E dessa regravação surgiu o meu interesse pelo som (com influências folk-rock, country, R.E.M., Nick Cave) e por ouvir mais músicas da banda - foram necessários dezessete anos para isso acontecer.

Ainda que 3 Hombres não exista mais, foi e está sendo prazeroso ouvir novamente “Dia 36” e, mais do que isso, descobrir tesouros como “Um tonel na estrebaria” (“Há sempre o risco de perder a razão / entre o mar e o céu”) e “Canção” (“Morreu Maria de manhã / Não sei que roupa devo usar / Preciso colocar um cravo na lapela / Eu vou à rua e o Sol também pensa nela”).

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Um comentário:

  1. Anônimo9:40 PM

    Caro Alexandre,

    Muito bacana o teu blog.

    Obrigado pelos elogios ao Tributo a Odair José.

    Sandro Belo - Allegro Discos

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