Savi é graduado em Ciências da Computação e no mestrado seguiu a linha de pesquisa Mídia e Conhecimento. “A Engenharia e Gestão do Conhecimento é um curso de pós-graduação multidisciplinar”, diz. Segundo ele, diversos departamentos da UFSC participam deste programa, entre eles os departamentos de Jornalismo e de Informática e Estatística. “Desta forma pude realizar uma pesquisa no mestrado que aproveitou conhecimentos destes dois lados”, diz. A graduação em computação permitiu que eu tivesse uma compreensão técnica do funcionamento da internet e de diversos softwares bastante aprofundada, e alguns conhecimentos do jornalismo foram vindo com o tempo por meio de estudos e muitas conversas com meu orientador, Eduardo Meditsch, do Curso de Jornalismo da UFSC”.
Abaixo, Savi diz o que o motivou para abordar o tema e avalia a relação do jornalismo com as novas ferramentas.
Coluna Extra - O que te motivou a abordar esse tema?
Rafael Savi - A motivação para pesquisar jornalismo participativo começou com alguns estudos que fiz sobre comunicação mediada por computador e certo encantamento em relação aos blogs. Fico impressiono de ver que poucos anos depois da criação da Web praticamente qualquer pessoa com acesso à rede e com conhecimentos mínimos de navegação passou a ter condições de criar seu próprio meio de comunicação utilizando blogs.
Os podcasts e wikis também pipocaram por aí. Então as pessoas começaram a falar bastante na internet sobre jornalismo cidadão, jornalismo open source e jornalismo participativo. Foi aí que resolvi propor um projeto de mestrado que investigasse como as ferramentas interativas da internet estavam sendo aplicadas nesta forma de jornalismo.
Coluna Extra - Na sua avaliação, o jornalismo está sabendo tirar proveito das novas ferramentas?
Savi - Ao meu ver as ferramentas interativas ainda são pouco exploradas para promover a participação da audiência das empresas tradicionais de jornalismo. Acredito, porém, que muitas pesquisas estão sendo feitas dentro dessas empresas para que se faça um uso mais intenso das potencialidades da web participativa nos próximos anos. Acredito piamente nisso, pois os executivos cheios de MBAs destas empresas não iriam ficar vendo a banda passar sem fazer nada.
Acho que é preciso dar um pouco mais de tempo para as empresas se adaptarem, já que inserir a audiência no workflow de uma redação não é algo simples. Ainda precisam criar ferramentas computacionais mais apropriadas para auxiliar neste processo. Além disso, muitas pessoas não se interessam em participar, sempre fizeram parte de uma audiência passiva e ainda não se sentem motivadas a interagir mais intensamente com as notícias e o jornalismo.
Mas toda uma geração dos chamados “nativos digitais” (crianças que nasceram depois da criação da web, viciadas em Orkut e MSN) está começando a consumir informação jornalística, e com o passar de alguns anos, tanto audiência como jornalistas estarão mais acostumados com as potencialidades das novas tecnologias de informação e comunicação. Uma revolução está apenas começando, e se as empresas de mídia não estiverem de olho nos novos cenários serão superadas por outras mais bem preparadas.
A dissertação está disponível neste link. E para maiores informações, acesse www.jornalismoparticipativo.blogspot.com.Tags: Jornalismo, Blogs, Wikis, Fóruns, Podcasts
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