Inspirado (já que o assunto é música...) pela exibição do documentário, fui reler a entrevista de Sting no livro Dentro do Rock, do jornalista Bill Flanagan. Lançado no Brasil em 1986, o livro reúne longas conversas com grandes nomes da música falando sobre o processo de composição. Da entrevista, escolhi o trecho que reproduzo abaixo onde ele trata de “Every breath you take”.
Ouça “Every breath you take”.Minha música de maior sucesso comercial foi “Every breath you take”, que compus em cinco minutos, mais ou menos. Aliás, eu nem compus propriamente: é uma salada de todos os rocks já existentes em tom menor relativo como “Stand by me”, “Diana”, “Slip Slidin’ away”. Todas essas músicas têm um acorde seguido de um menor relativo. Além disso, a letra não tem lá essas originalidades: “Cada vez que você respirar / Cada vez que você andar”. É quase um arquétipo. Mas tem uma certa especificidade, uma melancolia que a torna especial.
Pra mim, a força dessa música está na sua ambivalência. Por um lado, ela é romântica e sentimental. Por outro, é sinistra e cruel. Fala de policiamento, de posse, de controle sobre outras pessoa. Mas tem também uma aura de sedução. As pessoas querem sentir isso. A mim até me choca o sucesso dessa canção. Fui quase obrigado a compor um antídoto para ela (“If you love somebody set them free”). Quer eu acredite ou não nesse sentimento, achei que tinha obrigação de fazer um pronunciamento oposto ao de “Every breath you take”. Isso por causa da quantidade de reações que percebi nas pessoas: “Querido Sting, minha mulher e eu adoramos ‘Every breath you take’, que consideramos a nossa canção”. Bem, se o relacionamento deles é assim, azar o deles! Ao mesmo tempo, eu posso compreender. Ser controlado, possuído por alguém sempre dá uma espécie de segurança. Tenho consciência dos dois lados da questão, e acho que é por isso que a cança fez tanto sucesso. (Trecho da entrevista concedida a Bill Flanagan em 1985.)
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