"Foi você mesmo que escreveu?"
Esta é a minha lembrança mais bacana dos tempos de escola - 1º ano do 3º grau no Instituto Estadual de Educação - porque foi nesse momento que eu realmente saquei que gostava de escrever e daí - somado à paixão pelo rádio - pra decidir pelo jornalismo foi um pulo. A Cleonice, minha professora de português, me chamou na mesa dela pra entregar a redação que fiz em cima de um tema do Luiz Fernando Veríssimo - O Poder da Palavra.
A dúvida dela sobre a autoria surgiu porque "viajei" no tema. Fiz da Palavra uma personagem de origem humilde e que se torna uma pessoa importante e influente na vida política do Brasil. Não tenho mais a redação guardada, mas lembro que havia citações sobre passagens históricas, personagens como o adversário político Getúlio Lacerda e algumas referências sobre a realidade da época (estamos falando de 1988). Até brinquei com coisa séria, como na morte do Zózimo, o marido da Palavra. Ele estava no mesmo voo que o escritor Salman Rushdie, que estava no noticiário por causa da perseguição e ameaças de morte que sofria por causa do livro Versos Satânicos. Na minha história, o avião em que ele estava havia sido sabotado e caiu ao decolar do Rio de Janeiro. Todos morreram - o marido da Palavra inclusive - menos o escritor. :)
Quando a Cleonice me perguntou se eu era o autor, fiquei meio sem...palavra. Ela nunca chamava ninguém na mesa para entregar prova ou redação. Mas respondi que sim, eu escrevi aquela história, na mão, ocupando da primeira a última linha de uma folha de papel almaço (coisa pra dedéu!).
Aquela nota 10 e o recado "parabéns pela criatividade" escritos em vermelho no alto da folha continuam sendo importantes pra mim. Obrigado, Cleonice.
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